quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Saberes dos alunos com deficiência

Saberes e atitudes dos alunos com deficiência


Os pequenos com deficiência sabem muitas coisas. Às vezes, até mais que os colegas

A cada novo conteúdo a ser ensinado, de acordo com seu planejamento, você se depara com a tarefa de sondar quanto a turma já sabe sobre aquilo para determinar como levá-la a avançar. Quando há uma criança com deficiência na sala, a história não deve ser diferente. É preciso verificar também o que ela já conhece e seguir em frente com a etapas previstas. Mais do que se basear num diagnóstico médico que limite as possibilidades dela, proponha situações de aprendizagem desafiadoras para descobrir até onde ela pode chegar.

Colocando o foco no aprendizado e considerando cada criança em suas particularidades, você evita a preocupação demasiada com os sintomas ou com a adequação do comportamento dela. "É muito complicado transportar um diagnóstico médico para a sala de aula. Ele ajuda, mas não pode ser um rótulo que se tenha de carregar e impeça o aprendizado", afirma Simone Kubric, educadora do Trapézio - Grupo de Apoio à Escolarização, em São Paulo. Não são raras as ocasiões em que o aluno supera as expectativas criadas pelos médicos, surpreendendo a todos com seu desempenho.

Para investigar o que os alunos com algum tipo de deficiência já sabem, você pode usar as mesmas estratégias que prepara para os demais, desde que adote diferenciações adequadas a cada necessidade da criança. O importante é colocar todos os estudantes em contato com aquilo que pretende ensinar.

A estratégia escolhida deve permitir que eles usem, durante a sondagem, informações e práticas já conhecidas. Os resultados dão uma ideia dos conhecimentos prévios de cada um, evitando que você proponha situações fáceis demais - e, portanto, desmotivantes - ou apresente algo exageradamente complexo, que os alunos, naquele momento específico, ainda não têm condição de se apropriar.

Dada a aula, você tem pela frente a tarefa de avaliar o que todos aprenderam. Aqui é preciso evitar o erro de comparar crianças diferentes, ou querer nivelar o desenvolvimento da turma. Isso vale para crianças com e sem deficiência. O desempenho de cada aluno deve ser confrontado com o conhecimento prévio que ele tinha, levando em conta suas possibilidades individuais. "O correto é comparar cada aluno com ele mesmo", diz Silvana Lucena Drago, responsável pelo setor de Educação Especial da Diretoria de Orientação Técnica da prefeitura de São Paulo.

Avaliação de atitudes

Para que a avaliação do aluno com deficiência saia a contento, é importante ter em mente o que se quer que ele aprenda, quais são os objetivos que ele deve atingir e os conteúdos a dominar. Outra tarefa é determinar as metodologias e estratégias que serão adotadas. Nesse sentido, vale lembrar que todas as atividades oferecem elementos para avaliação. Atitudes muito simples, como se reunir em grupo, permanecer sentado na carteira, se alimentar, cuidar da higiene pessoal sozinho e utilizar os materiais escolares corretamente podem ser considerados grandes avanços para estudantes com deficiência intelectual. A observação de todos no dia a dia é sempre de grande valia para o professor.

"O educador não pode apenas procurar o que está errado no aluno. O importante é verificar o que ele foi capaz de aprender", diz Maria Tereza Esteban, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro. E, no caso das crianças e dos jovens com deficiência, pequenas atitudes são sempre indícios de progressos, mesmo que eles não apreendam todo o conteúdo que você tentou ensinar na sua disciplina.

Para acompanhar a aprendizagem das crianças, é preciso fazer registros diários sobre o desempenho delas e compilar os trabalhos que realizam em sala. Esse material pode ser transformado num portfólio (arquivo da produção dos alunos). A periodicidade com que esses registros são transformados em notas depende da política educacional de cada escola. Pode ser bimestral ou trimestral.

O importante é que esses progressos sirvam de instrumento para que você verifique o que cada um aprendeu e, especialmente no caso dos alunos com deficiência, planeje estratégias diferenciadas para que eles não parem de avançar. Essa verificação também servirá para o planejamento dos objetivos seguintes. Assim você sempre poderá determinar com mais segurança o que ensinar a cada etapa e qual a maneira mais apropriada de fazer isso.

Comportamento nas provas

A forma de se comportar no ambiente escolar, além de ser ensinada, precisa ser também avaliada. Um aspecto particularmente importante é como se portar durante uma prova. Nesses tempos em que as avaliações de sistemas estão se tornando cada vez mais frequentes, trabalhar essa questão com aqueles que apresentam deficiência ganha importância.

Alunos com deficiência das escolas municipais da capital paulista, por exemplo, já são submetidos à Prova São Paulo, que avalia os estudantes do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e Matemática. Para participar, os alunos com autismo, por exemplo, contam com a ajuda de um professor com quem tenham mais afinidade. As crianças com deficiência visual severa recebem a prova em braile ou fazem o exame com a ajuda de ledor e escriba.

Na Rede Estadual de São Paulo, todos os alunos participam do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que serve de base para o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Mas algumas flexibilizações são contempladas, como no caso dos alunos com deficiência intelectual. Eles fazem a prova como os demais, na perspectiva da inclusão, mas as notas alcançadas por eles não são contabilizadas no resultado final do exame.

Fonte de pesquisa: Revista Nova Escola

Síndrome de Rett

O que é a Síndrome de Rett?



 A Síndrome de Rett é uma doença neurológica provocada por uma mutação genética que atinge, na maioria dos casos, crianças do sexo feminino. Caracteriza-se pela perda progressiva de funções neurológicas e motoras após meses de desenvolvimento aparentemente normal - em geral, até os 18 meses de vida. Após esse período, as habilidades de fala, capacidade de andar e o controle do uso das mãos começam a regredir, sendo substituídos por movimentos estereotipados, involuntários ou repetitivos. Palavras aprendidas também são esquecidas, levando a uma crescente interrupção do contato social. A comunicação para essas meninas gradativamente se dá apenas pelo olhar.

É comum que a criança com Síndrome de Rett fique "molinha" e apresente desaceleração do crescimento. Distúrbios respiratórios e do sono também são comuns, especialmente entre os 2 e os 4 anos de idade. A partir dos 10 anos, o aparecimento de escolioses e de rigidez muscular fazem com que muitas crianças percam totalmente a mobilidade. Isso, associado a quadros mais ou menos graves de deficiência intelectual.

A Síndrome de Rett é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e uma das principais causas de deficiência múltipla em meninas.

Como lidar com essas crianças na escola?

É preciso criar estratégias para que as meninas com Síndrome de Rett possam aprender. O principal é estabelecer sistemas de comunicação que ajudem a criança - como placas com desenhos e palavras, para que ela possa indicar o que deseja.

A escola deve ser um espaço acessível, já que muitas crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos para caminhar.

Respeite o tempo de aprendizagem de cada criança e conte com a ajuda do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e procure apresentar os conteúdos de maneira bem visual, para facilitar a compreensão.

Fonte de pesquisa: Revista Nova Escola

Ressignificando a escola na proposta Inclusiva

Ressignificando a escola na proposta inclusiva


                                                                        Sandra Buissa Mussi


A LEI 9364/96 -L.D.B., estabelece o atendimento de educandos com necessidades educacionais especiais ( N.E.E. ), em classes comuns do ensino regular, bem como capacitação de docentes, para o atendimento a essa clientela

ETAPAS E MOVIMENTOS PARA SE CHEGAR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

1-Exclusão social-total
2-Segregação -Institucional-(internação )
3-Integrações (1950 )-integrar, reabilitar, recuperar, ajudar. Reintegração tem preconceito, pois existe o apelo caritativo.
4-Inclusão Social (70/80 ) as próprias pessoas com deficiência se movimentaram e começaram a exigir ações, cobrando a inclusão nas escolas, nos serviços, nas instituições e na sociedade em geral .

INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO: QUAL A DIFERENÇA?

INTEGRAÇÃO: processo que visa trabalhar com as deficiências das pessoas para que possam se reintegrar na sociedade como ser produtivo (Escolas ou classes especiais)

INCLUSÃO : Processo de adequação da sociedade às necessidades de seus membros. A escola e toda equipe Escolar devem se preparar e se modificar para aceitação de crianças com necessidades especiais .
Mudança de mentalidade é mudança de comportamento (são os desafios propostos por Piaget: desequilíbrio, estar em conflito, para voltar a um equilíbrio, com novos paradigmas. Rejeição Zero
Em nenhuma circunstancia , rejeitar ou discriminar uma pessoa para qualquer finalidade independente do grau de deficiência.


DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE IGUALDADE -1981

1-Equiparação de Oportunidades

Meio físico, equipamentos esportivos, transportes, serviços sociais, habitação, oportunidades educacionais e de trabalho e a vida cultural e social, que deverão ser construídos de forma a que todos tenham acesso.
Não deve e não pode acontecer atividades separadas, específicas. São atividades conjuntas, respeitando as respostas individuais.

2- O princípio da valorização da Diversidade

Educação Inclusiva é diversidade
O princípio fundamental da Educação Inclusiva é a valorização da diversidade dentro da comunidade humana, que é uma realidade: diferenças culturais, étnicas, mentais, físicas, sensoriais, múltiplas, etc.
A escola tem que se equipar , a equipe escolar deve se preparar e cada situação deve ser discutida e preparada por todos elementos envolvidos.
Ex: no caso do deficiente auditivo, toda classe poderá aprender a linguagem dos sinais (e quem vai ficar responsável por mais isto? )

3-Mudanças Institucionais

Aderir aos movimentos de inclusão social e de vida independente .
Na Inclusão , cada caso é um caso e para cada caso deverá ter soluções próprias. A escola deverá tornar-se acolhedora para todos.
Estas alterações irão gerar outras posições:

a) Independência: decidir sem depender de outras pessoas. Os portadores de necessidades especiais passaram a tomar decisões sobre seus direitos, comum a todos.
b) Autonomia: condições de domínio no ambiente físico/social: ex- dirigir carro, utilizar o computador etc.

c) Empowerment - Empoderamento: educação inclusiva é boa para todos, pois a pessoa utiliza o poder pessoal para fazer escolhas e assumir o controle de sua vida.

Em 1992, com a utilização do termo Pertencer, fica demonstrado que a inclusão é um direito e não um espaço a ser conquistado.
O aluno e sua família deve saber que ele tem o direito de estar lá, com todas as condições que ele necessita para se desenvolver.

Princípios da Educação Inclusiva
a- Aceitação das diferenças com naturalidade, pois não podemos associar P.N.E. como incapazes e inúteis.
b- Valorização da diversidade humana
c- Respeito mútuo
d- Direito de pertencer x status de pertencer. Crença da viabilidade de todos aprenderem juntos
e- Aprendizado cooperativo
f- Crença no ensino mútuo entre os alunos (riqueza na troca )
g- Crença no papel inclusivo de toda comunidade escolar.
h- Importância dos pais como parceiros educativos e importância da colaboração entre os professores.

Componentes da Educação Inclusiva

a- Os alunos freqüentam classes comuns com colegas não deficientes da mesma faixa etária.
b- Escola da vizinhança
c- O professor deve estar abastecido para ensinar a todos os alunos indiscriminadamente.
d- Currículo adaptado
e- Métodos diversificados

Práticas Inclusivas na Escola como um todo
a- Envolvimento dos pais
b- Liderança visionária
c- colaboração (não competição)
d- Aceitação incondicional
e- Uso revisado da avaliação (aceitação de respostas em tempos diferentes e promover a avaliação progressiva com a evolução do próprio aluno).
f- Suportes para a inclusão (2001), dando condições estruturais e de equipamentos para as escolas )
g- Suporte para os professores:
-modelo de consultoria, desenvolvimento de sistemas de equipe, horário flexível para planejamento , parcerias com Universidades, seleção de textos específicos para estudos.

PRÁTICAS INCLUSIVAS - é uma atitude de aceitação

a- iniciativas instrucionais
b- instrução multinível
c- aprendizagem cooperativa
d- aprendizagem baseada em atividades
e- abordagem de linguagem total
f- apoio de pares e programas tutoriais (dos próprios colegas e de outras salas)
g- atividades extra -classe ,com cooperação e colaboração.


Fonte: www.abpp.com.br

Integração X Inclusão (3)

Educação Integrada     X     Educação Inclusiva

( Save the Children, UK, páginas 12 e 23 traduzido do inglês e digitado por Maria Amelia Vampré Xavier - 24 de janeiro de 2003) 


Qual a Diferença entre Educação Integrada e Educação Inclusiva? 
Os termos "integrada" e "inclusiva" são freqüentemente utilizados alternadamente como se significassem a mesma coisa. Contudo, representam diferenças importantes em filosofia. É útil esclarecer seus diferentes significados e que os que se dediquem a elas utilizem a mesma linguagem. Reconhecemos que em alguns idiomas nem sempre é possível estabelecer a distinção entre integração e inclusão. Contudo, achamos que uma compreensão da distinção existente no idioma inglês é útil e importante na promoção de práticas mais inclusivas.
Uma distinção simples é:
Educação integrada é acerca de crianças deficientes freqüentarem as escolas da rede regular de ensino ( isto é, o foco é colocado nos índices de freqüência).
Educação inclusiva é acerca de crianças deficientes aprenderem eficientemente uma vez que estejam freqüentando escolas da rede regular de ensino ( isto é, o foco é na qualidade do aprendizado).
Na educação integrada a criança é vista como um problema O modelo individual, ou médico, da deficiência determina que a criança tenha de ser mudada, ou reabilitada a fim de se adaptar ao sistema escolar e à sociedade. Por exemplo, uma criança surda pode usar um aparelho de audição e é esperado que aprenda a falar a fim de se adequar. Porém não se espera que os professores e outras crianças aprendam a linguagem de sinais ou outras formas de comunicação. Uma criança com dificuldades de aprendizado, segundo se espera, passará por exames padronizados a fim de progredir na escola, do contrário repetirá o ano, ou será forçada a deixá-la.
Na educação inclusiva é esperado que o sistema mude e não a criança A educação inclusiva emergiu do modelo social da deficiência. Ela reconhece que todas as crianças são diferentes e que a escola e o sistema educacional precisam mudar a fim de atender às necessidades individuais de todos os alunos – com e sem deficiências. Inclusão, contudo, não significa assimilação – ou tornar todo mundo a mesma coisa. Um ingrediente chave é a flexibilidade - reconhecendo que crianças aprendem a ritmos diferentes, e que os professores precisam ter habilidades que apoiem o seu aprendizado de forma flexível. Na maioria dos casos as crianças simplesmente precisam de ensino bom, claro e acessível. Isto inclui o uso de diferentes métodos que respondam às diferentes necessidades, capacidades e índices de desenvolvimento.
A educação integrada pode conduzir à educação inclusiva? 
A educação integrada é, freqüentemente, aceita como um degrau para a educação inclusiva. Contudo, a principal limitação da educação integrada é que enquanto o sistema escolar permanece rígido, somente certas crianças deficientes pode ser integradas. Algumas crianças deficientes podem nunca estar "preparadas" ou suficientemente "reabilitadas" para serem aceitas numa sala de aula da rede regular de ensino tradicional.


Fonte: WWW.afadportoalegre.org.br

Integração X Inclusão (2)

Inclusão X Integração

Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja, "corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal educativo geral, que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe um leque de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no "sistema", da classe regular ao ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial, porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da normalização.
Basicamente a diferença entre inclusão e integração é simples: na inclusão é a escola que tem de estar preparada para acolher todos os alunos; na integração é o aluno que tem de se adaptar às exigências da escola.
Na primeira, o fracasso escolar é da responsabilidade de todos (professores, auxiliares, pais, alunos); na segunda, o fracasso é do aluno que não teve competência para se adaptar às regras inflexíveis da escola, que presta mais atenção aos impedimentos do que aos potenciais das crianças.
A inclusão é estar com o outro; a integração é estar junto ao outro (que não necessariamente significa compartir nem aceitar, estamos junto dele, mas não estamos com ele).
Mas, na integração, nem todos os alunos com “deficiência" têm a chance de entrarem numa turma de ensino regular, já que a escola faz uma seleção prévia dos candidatos que estariam, ou não, aptos. A integração escolar acaba sendo o deslocamento da educação especial para dentro da escola regular; muitas vezes, criando “turmas especiais” para atenderem os “alunos especiais”, e permanecendo as “turmas normais” para “alunos normais”. Ou seja, a discriminação e preconceito continuam, só que desta vez, dentro da própria escola.
Já a inclusão é incompatível com a integração, visto que, ela defende o direitos de todos, sem exceção, a freqüentarem as salas de aula de ensino regular. Não se trata apenas de todos freqüentarem a mesma escola, e sim, de freqüentarem as mesmas salas de aula. Todos os alunos juntos, independente das suas necessidades ou particularidades Então, a escola inclusiva é aquela que tem salas de aulas inclusivas, e mais, bibliotecas inclusivas, banheiros inclusivos, acessos inclusivos, projeto pedagógico inclusivo, e, principalmente, alunos e professores inclusivos.
Na escola inclusiva não há mais a divisão entre ensino especial e ensino regular; o ensino é um e o mesmo para todos, respeitando as particularidades, as diferenças. Trata-se de um ensino participativo, solidário e acolhedor. Formas mais solidárias e plurais de convivência. Uma educação global, plena, livre de preconceitos, e que reconheça e valorize as particularidades (diferenças) de cada um dos outros iguais.
Assim, também, as pessoas se desenvolvem, aprendem e evoluem mais e melhor quanto mais rico e variado for o ambiente em que se encontram.

( …) Cada um dos que ingressam na
Coletividade adquire como se fundisse
Em um todo, novas qualidades e Particularidades ( Vygotsky)

Rumo à Educação Inclusiva
A educação pode ser definida, em termos gerais, como algo que, sistematicamente, promove a aprendizagem e o desenvolvimento. Desse modo, a educação é um processo que se estende pela vida toda, não começa nem termina com a vida escolar. Por essa razão, é realizada por muitas pessoas que não são professores. Os anos passados na escola são evidentemente, de vital importância, mas são apenas um elemento no processo educacional em cujo centro os pais estão desde o princípio. Existe a crença de que todo trabalho com pessoas que têm necessidades especiais é educacional, na medida em que as ajuda a desenvolver seu conhecimento, habilidades e compreensão das coisas.
Nos últimos anos, o termo “educação inclusiva” tem sido cada vez mais usado no campo da educação de necessidades especiais (Mittler, Brouillette & Harris, 1993; UNESCO, 1995). O princípio é de que a educação inclusiva começa com uma radical reforma da escola, mudando-se o sistema existente e repensando-se inteiramente o currículo, a fim de que se alcancem as necessidades de todas as crianças. Significa também a idéia de educação numa sala de aula comum, numa escola da vizinhança que uma criança normalmente freqüentaria, com o apoio requerido pelo tratamento individual, e uma atenção extra para fazer frente a necessidades específicas como o ensino de cuidados pessoais ou habilidades de comunicação que não são fáceis de serem ensinadas nas salas de aula comuns. Por esse motivo, a educação inclusiva pressupõe a presença de mais de uma pessoa de apoio na sala de aula.
Ao contrário da inclusão, a integração não tem como ponto fundamental um processo semelhante de radical reforma da escola. As crianças podem receber um currículo modificado ou adaptado, mas têm de ajustar-se às estruturas existentes. Por definição, a integração nem sempre tem lugar na escola da vizinhança; ela pode ser feita em uma escola comum, com adaptações, ou em uma classe especial, podendo haver um currículo modificado ou adaptado.
Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém nada se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente excluídos.
A meta da inclusão é desde o início não deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos para concretizar a sua metáfora - o caleidoscópio.
A integração é mais imprescindível do que a inclusão. Após sua explicação, entendi verdadeiramente a importância de se consciencializar os educadores para essa perspectiva de Educar. Integrar na sua significação total tem sentido de estar junto, e é disso que precisamos no trabalho desenvolvido com crianças portadoras de necessidades especiais. Integrá-las é bem mais do que colocá-las dentro de uma sala de aula e fazê-la acreditar que ela é, o que ela não é. Mais do que ajudarmos na socialização dessas crianças é necessário fazê-las entender os seus problemas, as suas individualidades e suas potencialidades. Dizer para essas crianças que elas podem e motivá-las a continuar num trajeto educativo cansativo, porém gratificante, é imprescindível para que consigamos atingir o maior objetivo da educação: que é o de educar para a VIDA, independente de nossas individualidades, de nossas dificuldades.
“Perturbações no Sistema Educacional Português”
É do conhecimento de todos nós, que saiu em Diário da República, a 3 de Janeiro de 2008, um novo Decreto-Lei referente às novas medidas da “Escola Inclusiva e Ensino Especial”. Este Dec.-Lei vem no seguimento da Declaração de Salamanca em 1994. Composto por 32 artigos com uma linguagem já conhecida, apresenta-nos uma nova panóplia de condições que conduzem o futuro do sistema Educacional Português.
Decreta-se, então que, os apoios especializados visam responder às necessidades educativas dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e participação num ou vários domínios da vida decorrentes de alterações funcionais e estruturais de caráter permanente. Este conceito “permanente” veda o acesso à elegibilidade para estes serviços especializados a um grande role de alunos com dificuldades e handicaps considerados temporários (p.e. depressão e outras condições psiquiátricas, problemas sócio-emocionais e de integração, ou ainda alguns problemas emocionais). Nos casos em que se considere não estar perante uma situação de necessidades educativas que justifiquem a intervenção dos serviços de educação especial, devemos solicitar ao departamento de educação especial e aos serviços de psicologia o encaminhamento dos alunos para os apoios disponibilizados pela escola que melhor se adequem a cada situação específica.
Em concordância ou não com o exposto anteriormente, o Dec.-Lei dá ênfase a uma escola inclusiva e democrática para todos, na qual a especificidade de cada aluno será contemplada nos programas educativos individuais (P.E.I.). Este PEI integra indicadores de funcionalidade, bem como fatores ambientais, que funcionam como facilitadores ou barreiras à atividade e participação do aluno na vida escolar, obtidos por referência à C.I.F. (Classificação Internacional para Funcionalidade). E pergunta o professor: - C.I.F.? O que é isso? Para que serve? Tenho de fazer o quê? Pois é! Exige-se aos professores e aos restantes profissionais a implementação de normas e medidas para as quais não estão qualificados, nem tiveram acesso a formação adequada. Mas, isto é um pormenor sem relevância...
O P.E.I. é elaborado pelo docente da turma, docente do ensino especial e encarregado de educação. Este programa pode ser revisto a qualquer momento e obrigatoriamente no final de cada nível de educação e no final de cada ciclo do ensino básico. Sendo que, o seu acompanhamento deverá ser feito pelo professor da turma, pelo professor do ensino especial, psicólogo e outros técnicos que acompanhem o aluno e os encarregados de educação. Para complementar este plano educativo individual, podemos recorrer ao plano individual de transição, sempre que o aluno apresente necessidades educativas especiais (N.E.E.) de caráter permanente que impeçam a aquisição de aprendizagens e competências definidas no currículo. Assim, de acordo com a filosofia da inclusão, a adequação do processo de Ensino-Aprendizagem pode contemplar as seguintes medidas: apoio pedagógico personalizado, adequações curriculares individuais, adequações no processo de matrícula, adequação no processo de avaliação, currículo específico individual, tecnologias e apoio.
Ainda neste decreto esclarecem-se acerca das modalidades específicas de educação, designadas por escolas de referência, sendo elas, a educação bilíngüe dos alunos surdos, educação de alunos cegos com baixa visão, unidades de ensino estruturado para a educação de alunos com a perturbação de espectro do autismo, unidades de apoio especializado para a educação de alunos com multideficiência e surdo-cegueira congênita e intervenção precoce.
Por último, quero deixar em aberto e num tom retórico..., terá sido decretada a integração/inclusão, ou antes, uma minimização e rejeição disfarçada numa política viciada e subjugada ao euro?

CONCLUSÃO:
Neste trabalho de pesquisa, procurei entender como ocorre a inclusão do aluno com NEE na escola regular. A Inclusão destes alunos, ainda é ambígua e complexa, ás vezes, é mal entendida por professores, auxiliares, pais e pelos próprios alunos. Quando se analisa este conceito pelo prisma global – social, afetivo, cognitivo e intelectual precisa-se levar em conta que este conceito é um processo que não se refere exclusivamente aos alunos com NEE, mas para todos os alunos que estão na escola.
O conceito de inclusão / integração têm se confundido no dia a dia, quando nos apercebemos da ação isolados de caráter inclusivista que por vezes, revela como mera integração.
A escola tem um papel decisivo a desempenhar na formação e desenvolvimento da criança ou adolescente, no sentido de minimizar as diferenças e proporcionar a todos os alunos uma plena integração na escola e, posteriormente na sociedade.
O movimento inclusivo transmite a ideia de que a classe regular de uma escola regular é o local ideal para a aprendizagem do aluno com necessidades educativas especiais. Assim uma escola inclusiva é uma escola onde toda a criança é respeitada e estimulada a aprender de acordo com as suas capacidades.
A inclusão não pode ser um processo meramente socializador. Não interessa implementar políticas sem haver uma formação contínua dos professores do Ensino regular para que tenham em mente a plena inclusão dos alunos no contexto educacional como SER independente de suas características físicas, mentais, intelectuais e sensoriais.
“Queremos uma vida melhor para todos. Queremos a inclusão! “ (Forest)
Autoria: António José Martins (Professor)

Fonte: Inclusão X Integração
CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AS PESSOAS COM DEFICIENCIA E SEUS FAMILIARES

E você concorda com os argumentos aqui expostos? Dê sua opinião, poste seu comentário...

Integração X Inclusão (1)

Integração X Inclusão


                                                                           Maria Teresa Eglér Mantoan



Sabemos que a situação atual do atendimento às necessidades escolares da criança brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e evasão no ensino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na cultura escolar, a incompetência de certos alunos – os pobres e os deficientes – para enfrentar as exigências da escolaridade regular é uma crença que aparece na simplicidade das afirmações do senso comum e até mesmo em certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.

Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências (Mantoan:1988) e é mesmo um lugar comum afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua individualidade, para não se condenar uma parte deles ao fracasso e às categorias especiais de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos, ou melhor, para a maioria das pessoas, a idéia de que nós, os humanos, somos seres únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a qualquer pretexto!

Todavia, apesar desses e de outros contra-sensos, sabemos que é normal a presença de déficits em nossos comportamentos e em áreas de nossa atuação, pessoal ou grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres perfectíveis, que constróem, pouco a pouco e, na medida do possível, suas condições de adaptação ao meio. A diversidade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem.

Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar dos deficientes. Em consequência, a educação especial adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma educação para todos.

Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no aluno depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fusão do ensino regular com o especial.

Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma modalidade à outra. Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma nova estrutura, na qual desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são originariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos, assim como o são outros, que se dispõem do mesmo modo.

Outros obstáculos à consecução de um ensino especializado no aluno, implicam a adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares, que têm uma vocação institucional específica de sistematizar os conhecimentos acadêmicos, as disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os estudos e as comprovações científicas são diretamente aplicáveis à realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos retirar de um novo conhecimento também precisam de ser testadas, para confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar.

O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os significados específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a integração!

Ocorre que os dois vocábulos – integração e inclusão – conquanto tenham significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações de inserção diferentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para a consecução de suas metas. A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego do vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais para deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residências para deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e reconsideraram outras idéias, como as de escola, sociedade, educação. O número crescente de estudos referentes à integração escolar e o emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão a respeito das idéias que cada caso encerra.

Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiram nos países nórdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação, assim como as atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual.

A noção de base em matéria de integração é o princípio de normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização visa tornar accessível às pessoas socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a adoção de um novo paradigma de entendimento das relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.


Modalidades de inserção

Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja, “corrente principal” e seu sentido é análogo a um canal educativo geral, que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe um leque de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o “ambiente o menos restritivo possível”, dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da integração, transitar no “sistema”, da classe regular ao ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial, porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da normalização.

De fato, os alunos que se encontram em serviços segregados muito raramente se deslocam para os menos segregados e, raramente, às classes regulares. A crítica mais forte ao sistema de cascata e às políticas de integração do tipo mainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e só integrando os que não constituem um desafio à sua competência (Doré et alii.,1996). Nas situações de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os elegíveis para a integração são os que foram avaliados por instrumentos e profissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individualização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não.

A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o conceito de integração – mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institue a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida social e educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na “corrente principal”. O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição completa dos serviços segregados (Doré et alii. 1996). A metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: “O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retira pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado” (Forest et Lusthaus, 1987 : 6).

A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a educação de alunos com deficiência mental nos sistemas de ensino regular, como as “escolas heterogêneas” (Falvey et alii., 1989), as “escolas acolhedoras” (Purkey et Novak, 1984), os “currículos centrados na comunidade” (Peterson et alii.,1992).

Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos para concretizar a sua metáfora – o caleidoscópio.

Considerações finais

De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior : o que recai sobre o fator humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, assim como a assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão diretamente implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não sejam impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez mais evoluída de educação e de desenvolvimento humano.


Fonte:WWW.inclusive.org.br

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Para Refletir...

Deficiente, sinônimo: eficiente

Por que me chamas de Deficiente? Se  sou eficiente...
Por que me chamas de Deficiente? Se  não fico de braços cruzados...
Por que me chamas de Deficiente? Se  venci todos os obstáculos...
Por que me chamas de Deficiente? Se  amo a vida como ela é...
Por que me chamas de Deficiente? Se  não desisto e tenho fé...
Por que me chamas de Deficiente? Se  sou filho do mesmo pai seu...
Por que me chamas de Deficiente? Se  somos iguais diante dos olhos de Deus...
Por que me chamas de Deficiente? Se  sei amar...
Por que me chamas de Deficiente? Se  sou amado...
Por que me chamas de Deficiente? Se  é você quem fica desesperado...
Por que me chamas de Deficiente? Se  faço o bem , ser olhar a quem....
Por que me chamas de Deficiente? Se  tenho o que ninguém tem...
É fácil falar do fiz, porém é difícil fazer o que faço....
E você meu caro, ainda me chama de Deficiente???....

Felippe Oleias Vieira de Sousa (Blog: Espaço Educativo Vivendo e Aprendendo

NEE/ Necessidades Educativas Especiais

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

Deficiência Mental /Intelectual

Cada criança se desenvolve de forma diferente, peculiar, de acordo com seu ritmo, ou seja, o desenvolvimento é individual. No entanto, algumas crianças apresentam um desenvolvimento mais lento. Ocorre um atraso nos processos evolutivos de personalidade e de inteligência, principalmente no que tange a capacidade para aprender e o relacionamento com os demais.
Algumas de suas aprendizagens e habilidades não chegam sequer a ser adquiridas denotando significativa limitação em sua capacidade intelectual. Esta limitação não se restringe somente aos conhecimentos escolares, mas também aos conhecimentos sociais e da vida diária.

Alguns Enfoques:

*Clínico - durante muito tempo a medicina considerou o portador de deficiência mental como oligofrênico, ou seja, tratou a deficiência mental como doença ou síndrome, considerando um déficit irreversível cuja a única intervenção seria a prevenção.

*Psicológico, Pedagógico - a análise da deficiência mental de acordo com este enfoque se dá através da psicometria que mede a capacidade geral e aptidões específicas dos indivíduos levando em consideração aspectos como a idade mental e o quociente de inteligência. A idade mental corresponde ao nível que o indivíduo atingiu. Assim, um indivíduo com deficiência mental possui sua idade mental bastante distante de sua idade cronológica - uma criança de 12 anos pode apresentar idade mental de 3 anos por exemplo. Em termos psicométricos, identifica-se alguém como deficiente mental quando apresenta um QI inferior a 70(OMS, 1968,1983). Este é um dado que vem sendo refutado e muito discutido por alguns programas educacionais.

*Evolutivo - é descritivo e fixa objetivos educacionais para cada indivíduo. A cada objetivo alcançado, propõe-se um nível imediatamente superior.
Comportamental - não adota a terminologia deficiência ou atraso mental, mas simplesmente, conduta atrasada. A conduta atrasada pode ser modificada desde que utilizem-se estímulos adequados. Se a criança for estimulada corretamente, de acordo com este enfoque, dará respostas adequadas. Preocupa-se com o resultado - o produto final.

*Cognitivo - neste enfoque o atraso é explicado verificando as disfunções em diferentes momentos do processamento humano da informação - percepção, memória, formação de conceitos e regras, etc. Preocupa-se com o processo cognitivo e com todo o processamento desta informação e não com o produto ou o resultado final. Seu maior objetivo reside em observar as mudanças ocorridas e em que momento ocorreram. Ao identificar os pontos fracos fornece as indicações para uma intervenção.

Deficiência Visual
A cegueira é um distúrbio congênito ou adquirido que faz parte das deficiências sensoriais e sua principal característica é o comprometimento de um dos canais sensoriais de aquisição da informação - neste caso, o visual.
Desta forma é necessário utilizar sistemas de ensino que transmitam, por vias alternativas, a informação que não pode ser obtida através da visão. Existem vários tipos de deficiências visuais com características e etiologias bastante diversas:
*Cegueira: é a perda total ou o resíduo mínimo de visão que leva a pessoa a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita.
*Baixa Visão ou Visão Subnormal: é o comprometimento do funcionamento visual de ambos os olhos, mesmo após tratamento ou correção. A pessoa com baixa visão possui resíduos visuais em grau que lhe permite ler textos impressos ampliados ou com uso de recursos ópticos especiais.
*Surdocegueira:é uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente em diferentes graus, necessitando desenvolver diferentes formas de comunicação para que a pessoa surdacega possa interagir com a sociedade.
A falta de visão afeta principalmente a locomoção do indivíduo pelo espaço físico e o acesso à informação escrita e destaca o tato como o sistema sensorial mais importante que o DV (deficiente visual) possui para conhecer o mundo.
Um dos acessos à informação utilizado por alguns DVs é o sistema de leitura-escrita Braille - formado por uma combinação de pontos salientes que são captados pela pele dos dedos. A leitura é feita letra a letra e melhora lentamente ao longo do tempo. Os DVs podem atingir um desenvolvimento intelectual semelhante ao dos videntes, tudo vai depender da gravidade, do momento em que surgiu o problema e seus efeitos no desenvolvimento psicológico, o modo tátil de coletar as informações e a remediação verbal.

Deficiência Auditiva
            A perda auditiva é avaliada pela intensidade da mesma, em cada um dos ouvidos, em função de diversas freqüências. A intensidade do som é medida em decibéis (dB) e a freqüência refere-se à velocidade de vibração de ondas sonoras, de graves e agudas, e é medida em Hertz (Hz).
*Surdez leve/moderada: perda auditiva de 25 a 70 dB. A pessoa, por meio de uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual – AASI, torna-se capaz de processar informações lingüísticas pela audição; conseqüentemente, é capaz de desenvolver a linguagem oral.
*Surdez severa/profunda: perda auditiva acima de 71 dB. A pessoa terá dificuldades para desenvolver a linguagem oral espontaneamente. Há necessidade do uso de AASI e ou implante coclear, bem como de acompanhamento especializado. A pessoa com essa surdez, em geral, utiliza naturalmente a Língua de Sinais.
Quanto ao grau de intensidade da perda auditiva, é com certeza a dimensão que mais influenciará no desenvolvimento não só de habilidades linguística, mas cognitivos, sociais e educacionais.Não há dúvida de que quanto mais tarde ocorrer a perda auditiva para a criança, maior será a experiência com o som e com a linguagem oral, o que facilita sua posterior evolução lingüística.
Embora cerca de um terço dos casos de surdez não possam ser diagnosticados com precisão, as causas da surdez correspondem em torno de 30% a 50% são de origem hereditária e o restante são adquiridas - lesões ou problemas específicos, anoxia perinatal, incompatibilidade de RH ou rubéola.
A possibilidade de receber uma atenção educacional, desde a detecção da surdez, é a garantia de um desenvolvimento satisfatório. O desenvolvimento simbólico através do uso da linguagem de sinais ou a utilização dos resíduos auditivos da criança favorecem a supressão de limitações que a perda auditiva acarreta. Como cerca de 90% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes deve-se investir no desenvolvimento da linguagem oral, ainda que se faça uso dos sinais. Saber conversar pressupõe um longo processo de aprendizagem e experiência e quanto mais a família e os educadores souberem a esse respeito, melhor será para a criança.
A criança surda não consegue olhar para o rosto de seu interlocutor e ao mesmo tempo para o objeto ao qual ele se refere na sua intenção comunicativa. Deve-se concentrar nos aspectos mais relevantes que a informação tenta transmitir de forma calma e pausada.Deficiência Motora ou Física: Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, abrangendo, dentre outras condições, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquiridas, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho das funções.

Deficiências Múltiplas:
É a associação de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa.

Síndrome do Autismo:
Em 1943, o doutor Leo Kanner, um psiquiatra austríaco que residia nos Estados Unidos, publicou os primeiros estudos decisivos acerca do Autismo. Kanner descrevia com precisão os quadros de onze crianças que apresentavam um quadro específico de distúrbio do Desenvolvimento. Dentre as características, destaca-se:
1 - incapacidade para estabelecer relações com outras pessoas;
2 - um amplo conjunto de atrasos e alterações na aquisição e uso da linguagem;
3 - uma insistência obsessiva em manter o ambiente sem mudanças, acompanhado por uma tendência a repetir uma gama limitada de atividades ritualizadas.
Kanner destacava ainda, que os sintomas de distúrbio de contato afetivo surgiam muito precocemente, que estas crianças possuiam um bom potencial cognitivo - com certas habilidades intelectuais - sobretudo de memória mecânica.Kanner tomou emprestado o termo "Autismo" da psiquiatria adulta que havia sido utilizada pelo psiquiatra Beutler, para definir a tendência dos pacientes esquizofrênicos a centrarem-se em si mesmos, criando um mundo à parte, imaginário. Isto causou uma certa confusão porque passou a se acreditar que o Autista também vivia num mundo à parte e imaginário.Atualmente sabe-se que 70% dos autistas também tem deficiência mental e que este quadro pode ocorrer depois de um desenvolvimeto normal nos primeiros 30 meses, tendo como principais fatores prognósticos o QI e o desenvolvimento da linguagem.
Em geral, um em cada seis casos se adapta adequadamente ao meio, com vida quase independente e trabalho produtivo. Cerca de dois terços não desenvolvem a capacidade de viver independentemente requerendo, desta forma, educação especial.
Síndrome de Down
A Síndrome de Down ou Trissomia do 21 é uma alteração genética cromossômica que ocorre no cromossomo 21, que traz como consequência características físicas marcantes e implicações tanto para o desenvolvimento fisiológico quanto para a aprendizagem.
Condutas Típicas: Manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes (exceto Síndrome de Down) e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado.

Altas habilidades/superdotação:Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados:
*Capacidade intelectual geral
*Aptidão acadêmica específica
*Pensamento criativo ou produtivo
*Capacidade de liderança
*Talento especial para artes
*Capacidade psicomotora

Tipos de Atendimento Educacional Especializado

*Apoio pedagógico especializado: Atendimento educacional especializado, realizado Preferencialmente na rede regular de ensino, ou, extraordinariamente, em centros especializados para viabilizar o acesso e permanência, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola. Constitui-se de atividades e recursos como: Ensino e interpretação de Libras, sistema Braille, comunicação alternativa, tecnologias assistivas, educação física adaptada, enriquecimento e aprofundamento curricular, oficinas pedagógicas, entre outros.
*Atendimento pedagógico domiciliar: Alternativa de atendimento educacional especializado, ministrado a alunos com necessidades educacionais especiais temporárias ou permanentes, em razão de tratamento de saúde, que implique permanência prolongada em domicílio e impossibilite-os de freqüentar a escola.

*Classe hospitalar: Alternativa de atendimento educacional especializado, ministrado a alunos com necessidades educacionais especiais temporárias ou permanentes, em razão de tratamento de saúde, que implique prolongada internação hospitalar e impossibilite-os de freqüentar a escola.
*Estimulação precoce: Atendimento educacional especializado a crianças com necessidades educacionais especiais do nascimento até os três anos de idade, caracterizado pelo emprego de estratégias de estimulação para o desenvolvimento físico, sensório-perceptivo, motor, sócio-afetivo, cognitivo e da linguagem.

Fonte:http://www.mec.gov.br/ Desenvolvimento Psicológico e Educação: Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar - César Coll, Jesús Palacios e Álvaro Marchesi (org).